Mídia / Jornal Fera

A fila vai andar, anuncia a rede social acadêmica Passei Direto

09/09/2013

A fila vai andar, avisam Rodrigo Salvador e André Simões aos 80 mil universitários que aguardam para ingressar no Passei Direto, a rede social acadêmica criada por eles onde alunos de diferentes cursos e universidades compartilham estudos, exercícios, trabalhos e até anotações de aula.
A rede, que entrou no ar em agosto de 2012, teve tanto sucesso que, pouco mais de um mês depois, com 200 mil usuários de 40 universidades, precisou ser fechada para ser reestruturada de modo a garantir o acesso e a boa navegação à multidão que bate à sua porta.
E a porta se abre nesta terça-feira (10) com o PD Open, evento on-line que abrirá a rede para todas as universidades brasileiras e tornará os que estão na fila de espera usuários efetivos. Os rapazes investiram alto e têm grandes expectativas: chegar a um milhão de usuários ainda em 2013.
Os cariocas Rodrigo, de 24 anos, e André, de 26, hoje se dedicam ao projeto mais de dez horas por dia. A equipe original de 5 pessoas cresceu para 20, e, de um servidor, a rede hoje conta com oito. Tudo isso num amplo espaço numa cobertura em Copacabana, na Zona Sul do Rio, onde fica a sede do Grupo Xangô, holding brasileira que cria e acelera startups de tecnologia, e que foi a primeira a apostar no projeto dos jovens.
Neste quase um ano em que o site ficou fechado para novos usuários, foram feitos investimentos em tecnologia, usabilidade e servidor, além de seguidos testes. Houve reestruturação do banco de dados, investimento na escalabilidade do sistema, aprimoramento de antigas funcionalidades e criação de novas. Os servidores saíram de um data center físico para um ambiente de computação na nuvem, o que torna possível inicializar instantaneamente centenas de servidores de acordo com a demanda.
Toda essa mudança aconteceu, segundo os rapazes, graças ao "aporte milionário" da Redpoint e.Ventures, um dos maiores fundos de venture capital em atuação no Brasil, investidor do Grupo Xangô. Eles não citam o valor dos investimentos.
Formado em comunicação social, e com pós-graduação em gestão de negócios, Rodrigo, que cursa agora administração de empresas na PUC-RJ, teve a ideia de criar a rede social com foco acadêmico e criou um site com o nome pouco atraente de Campus Virtual. Mas o site estava ruim, reconhece, e ele precisava de um sócio com bons conhecimentos de tecnologia não só para alavancar o site, mas também para, juntos, tentarem o apoio da 21212, aceleradora de startups, que abria seu processo seletivo.
Um amigo o apresentou a André, que cursa engenharia de computação também na PUC-RJ, e que também tinha um site de relacionamentos com foco acadêmico. Nasceu o Passei Direto, cujo projeto chegou a ser aprovado para ser acelerado pela 21212. Mas eles optaram pelo Grupo Xangô, que se interessou pelo projeto e ofereceu o seed capital. O início, segundo Rodrigo, foi bizarro.
"Primeiro a gente divulgou entre os alunos da PUC e, em poucos dias, um terço da universidade já estava cadastrada. De forma despretensiosa, expandimos para outras universidades. Aí foi uma coisa viral absurda, teve dias em que registramos 30 mil cadastros e 210 mil visitas", conta.
Foi aí que eles decidiram fechar o sistema, ficar com 40 universidades, para preparar a volta em alto estilo tecnológico.
A rede agora vai ter novas funcionalidades como perguntas e respostas entre os alunos de todas as universidades e cursos do Brasil, com votos sobre o conteúdo de cada uma delas, sugestões dos melhores arquivos e perguntas e respostas das disciplinas e cursos, notificação que avisa quando há novidades que interessam ao usuário, atualizações sobre o que acontece na universidade, no curso e com amigos, e-mails sobre assuntos importantes para o usuário, e o game em que os usuários ganham pontos por cada download do arquivo postado e por cada curtida. De acordo com a pontuação, o usuário pode sair da posição de calouro e chegar a ser oráculo.
"A gente faz o pessoal colaborar com a 'gameficação'. O usuário posta um conteúdo, as pessoas dão um 'like', baixam o arquivo, e isso gera a pontuação, que vai de calouro a oráculo. Vira uma competição de colaboração", diz André, ressaltando o caráter colaborativo do Passei Direto, que não produz conteúdo, mas organiza os arquivos postados. André ressalta que o novo site tem ferramentas virais e muita integração com o Facebook, como o login integrado, e a fan page.
Os rapazes anunciam para outubro a versão mobile do PD, para iOS e Android. E têm o plano audacioso de expandir o acesso à rede a usuários não vinculados a universidades, para que todos possam se beneficiar do conhecimento arquivado no banco de dados. Outra etapa do projeto é abrir o PD para o Ensino Médio.
Sobre o risco de o PD se tornar mais uma rede social, com o acesso liberado a não universitários, eles acreditam que o ambiente vai se regular. "Quando alguém posta algo mais social, fora do conteúdo acadêmico, os usuários reclamam. O próprio ambiente se organiza", diz Rodrigo.
O retorno dos investimentos vai vir, garantem os sócios fundadores, principalmente na forma de publicidade e do contrato com empresas que já os sondam para ter acesso aos currículos dos usuários para futuras possibilidades de emprego.
'Tudo o que eu tenho, podem pegar lá'
Natália Nogueira, de 23 anos, que se forma em administração pela PUC-RJ este ano, foi uma das primeiras usuárias do Passei Direito. "O Passei Direto facilitou para os outros alunos, já que qualquer um pode pegar. No início, peguei muitos trabalhos de outros alunos porque complementa o que o professor dá em aula, fica mais fácil entender a matéria. Sou muito a favor de compartilhar com outros colegas. Tudo o que eu tenho, podem pegar lá", explica.
Maurício Aquilante, que cursa geografia na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), já ganhou um iPad do PD também num concurso que premiou quem partilhava mais arquivos.
Ele se inscreveu no portal logo no início. Quando soube do site, acessou a página, viu que sua universidade não estava cadastrada, e pelo Facebook sugeriu a inclusão e foi atendido. Hoje ele calcula que entre 3 mil e 4 mil alunos da UFU estão no PD.
Maurício é um grande colaborador, com 3.179 arquivos compartilhados, o que lhe rendeu o iPad. "Eu já postava coisas como a grade curricular e livros para interagir com o pessoal e quando teve o concurso foi um motivador a mais para a gente compartilhar arquivos. A gente tinha dúvidas se era para valer, se não era brincadeira. Quando eu ganhei e vi que era sério, achei bem bacana".
O site tem registro dos arquivos que o usuário compartilha, no caso de Maurício, uma mescla de arquivos pessoais, material que os professores passam, imagens e textos.
"Vou organizando o material por disciplina em pastinhas e, no fim do período, posto no portal. Acho que fica mais organizado. Prefiro postura no fim do período para o material não ficar dispersado", diz ele, que está no terceiro período e faz estágio em ordenamento territorial no próprio Departamento de Geografia da USU.

Fonte: G1