Mídia / Jornal Fera

A formulação do problema na pesquisa científica

15/04/2015

Pesquisador, mediante o laborioso exercício de se dedicar ao estudo de um determinado assunto, qual será seu posicionamento ao se deparar com a palavra “problema”?

De uma forma generalizada, essa palavra se refere a algum obstáculo, a alguma barreira a ser enfrentada, enfim, a algo que denota sentido negativo, não é verdade? Pois bem, em se tratando da pesquisa científica, o “problema” precisa ser concebido como algo que irá auxiliar o pesquisador a ter uma visão mais ampla daquilo que se dispõe a descobrir, a investigar, podendo, por meio dos “frutos” colhidos, até obter maior visibilidade junto ao mundo acadêmico. Dessa forma, essa tarefa jamais poderá ser encarada como um fardo, mas sim como uma oportunidade de crescimento.

Para que possamos dar sequência à discussão que ora se evidencia, familiarizar-nos-emos com o que assevera Gil (2006, p. 49-50):

[...] na acepção científica, problema é qualquer questão não resolvida e que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento [...] pode-se dizer que um problema é testável cientificamente quando envolve variáveis que podem ser observadas ou manipuladas. As proposições que se seguem podem ser tidas como testáveis: Em que medida a escolaridade determina a preferência político-partidária? A desnutrição determina o rebaixamento intelectual? Técnicas de dinâmica de grupo facilitam a interação entre os alunos? Todos estes problemas envolvem variáveis suscetíveis de observação ou de manipulação. É perfeitamente possível, por exemplo, verificar a preferência político-partidária de determinado grupo, bem como o seu nível de escolaridade, para depois determinar em que medida essas variáveis estão relacionadas.

O ponto central de nossa conversa é abordado acima, sobretudo quando o autor afirma que “na acepção científica, problema é qualquer questão não resolvida e que é objeto de discussão”. Ora, para ser objeto de discussão, faz-se necessário que alguém se proponha a discuti-lo, ou seja, antes de tudo o pesquisador deve nortear seu trabalho por meio de uma temática precisamente definida. Por exemplo, suponhamos que a temática se defina pela análise do déficit de aprendizagem dos alunos de uma determinada escola, ou pela rotatividade de funcionários de uma dada empresa.

Eis que os temas em questão (apenas como exemplos, pois há uma infinidade de tantos outros) representam o ponto-chave para a formulação do problema que se almeja investigar. Dessa forma, como todo problema deve partir sempre de um questionamento, observe alguns exemplos:

- Quais fatores estão envolvidos no déficit de aprendizagem dos alunos da turma “x” ou “y” da escola tal?

Ou

- Quais motivos influenciam no alto índice de rotatividade de funcionários da empresa “x”?

A partir daí, as hipóteses irão surgir, as quais darão a você maior impulso para seguir adiante rumo às descobertas daquilo que pretende buscar.

Quando se afirma que o “problema” partirá de uma interrogação, torna-se relevante mencionar que essa pergunta deve obedecer a alguns princípios básicos, tais como: clareza naquilo que se deseja pesquisar e precisão no sentido de identificar quais elementos e instrumentos deverão ser utilizados no decorrer de todo o trabalho. Em meio a esse ínterim, encontram-se como fatores participativos o processo de coleta, o estudo e a análise dos dados coletados, lembrando que os resultados obtidos são frutos de uma investigação científica, isenta, portanto, de quaisquer juízos e julgamentos de valor por parte de quem se propõe a tal investigação.

Importante também é salientar a questão de que dificuldades serão encontradas no decorrer de todo esse percurso, até mesmo no momento de formular o problema, mas uma boa dose de dedicação, seriedade e comprometimento, familiaridade com uma boa literatura que retrate o caso em questão e a orientação de um bom professor, no sentido de nortear o trabalho, trarão a você, pesquisador, grandes chances de obter êxito na sua pesquisa.

Fonte: Brasil Escola