Mídia / Jornal Fera

Educação é o quarto assunto que mais preocupa os brasileiros

11/08/2014

Segundo uma pesquisa do Instituto Datafolha, que o Jornal Nacional está apresentando nesta semana, a maior preocupação dos brasileiros é com a saúde pública. Em seguida, estão a segurança pública e o medo de ficar sem trabalho - apesar do nível baixo das taxas de desemprego.

Educação é o quarto assunto que mais preocupa os brasileiros, segundo a pesquisa. Os moradores do Sudeste e do Sul são os que mais se preocupam com o tema, seguidos do Nordeste, do Norte e Centro-Oeste.

É uma rotina puxada. Ana Carla é operadora de caixa numa agência lotérica. Estudar, só à noite.

"Eu já pensei em alguns momentos de desistir de trabalhar, mas desistir da escola jamais", conta a estudante.

E ela não é a única em uma escola de Itabaiana, em Sergipe.

“Nós temos o aluno que é simplesmente o filho, um aluno, e aquele aluno trabalhador, aluno mãe, temos muitas alunas que são mães, e a maioria trabalha no comércio”, afirma a diretora Marilene Menezes Vasconcelos.

Realidade que impõe um desafio. "Manter o aluno na escola", conta Marilene.

O Brasil tem mais de 50 milhões de alunos no ensino básico, que abrange o pré-escolar, o ensino fundamental, até o médio completo, a grande maioria na rede pública. É menos do que dez anos atrás. O governo atribui a redução à melhora do fluxo escolar, com menores taxas de reprovação. Segundo especialistas, também há outro fator: o censo escolar passou a ser digitalizado, o que reduziu fraudes e erros no registro das matrículas.

“Nos últimos anos, o Brasil colocou a quantidade. Praticamente nós universalizamos a educação básica. Apesar de os recursos terem aumentado nos últimos anos, e de forma substancial, ele ainda não se traduziu em termos de qualidade pela aprendizagem escolar”, diz o especialista em educação Mozart Neves.

Recurso tem, só que muitas vezes é desperdiçado. O laboratório de informática fica assim: completamente às escuras. É que a rede elétrica da escola tem uma série de problemas. Consequência de uma reforma mal feita, dois anos atrás. Recentemente, um laudo técnico condenou a rede. Agora, segundo a direção da escola, é preciso aguardar uma nova licitação para fazer os consertos necessários.

"Eu me sinto triste, somos capazes, mas não temos possibilidades", destaca a estudante Joyce de Carvalho.

A biblioteca fica fechada. Não tem funcionário.
"Papel da escola não é só dar informações, é instigar o aluno a procurar novos conhecimentos", defende a estudante Luana Nunes.

Na mesma cidade, a dura realidade de uma comunidade pobre atravessa os portões da escola.

"Eu tenho alunos aqui que pai e mãe tá preso. Que os vizinhos que estão tomando conta. Tem alunos que não tem o que comer”, conta a diretora Ednalva Lima.

O reflexo aparece na sala de aula. É a chamada distorção sérieidade.
Nos últimos dez anos, a defasagem na rede pública vem caindo. Mas ainda é muito alta. No ensino fundamental, caiu dez pontos percentuais. Hoje, quase 24% não estão na série adequada. No Ensino Médio, caiu 17 pontos percentuais. E está em 33%.

“Um aluno de 15, 14, já tem aquele aluno bem repetente. Ele não está com aquela cabeça de sempre prestar atenção. É um pouco difícil”, afirma a professora Cristiane do Espírito Santo.

Sem falar nas goteiras, salas alagadas, infiltrações.
"A educação pública, ela é órfã em todos os níveis de poderes", diz a professora Maria Enivalda Souza.

"Nós temos uma escola do século XIX e o professor do século XX, e um aluno do século XXI. A gente precisa alinhar estes tempos para alinhar a realidade educacional no Brasil", explica o especialista.

Na lei mais importante do país, a Constituição, está escrito: “a educação é um direito de todos e dever do Estado, do poder público”. Em uma cidade no sertão da Bahia, o que está na lei é realidade. Todas as crianças e adolescentes matriculados no Ensino Fundamental são atendidos por uma rede pública de qualidade. Qual é a fórmula dessa história de sucesso?

Para começar, gastar os recursos disponíveis onde eles são realmente necessários.

Licínio de Almeida, uma pequena cidade que pensou grande.
"O foco nosso é o aluno. Então, o acompanhamento é de perto, com ele e para ele", afirma a secretária de educação Karla Michelly.

Quem precisa de ajuda extra tem aulas de reforço.

“É igual uma construção. Cada dia você põe um tijolo”, conta a professora Maria Telma Souza.

Os alunos têm que ler, no mínimo, 40 livros por ano. O gosto pela leitura desperta o prazer da escrita.

Todas as crianças e jovens estudam nas escolas públicas. A única escola particular da cidade fechou. Atenção também com quem precisa recuperar o tempo perdido. Veronice deixou os estudos quando engravidou. Agora, cursa o EJA - Educação de Jovens e Adultos. E segue, junto com a filha, no caminho da escola.

"Escrevo, leio, só tenho um pouquinho de dificuldade em matemática”, explica Veronice.
Itareni, que mora em Brasília, também deixou os estudos, quando se tornou mãe, aos 16 anos.

O tempo passou, a família cresceu. Agora, ela conseguiu voltar a estudar. Com a ajuda do ProUni, o programa do governo, criado em 2004, que dá bolsas de estudo para alunos carentes, em universidades particulares.

"Eu falo, vou trancar, não dou conta mais. Vem aquela força, tem que conseguir", afirma Itareni Ferraz.

Em dez anos, o número de universitários no Brasil dobrou e de 2013 ate 2014 foram criadas 18 novas universidades federais e 214 novos institutos federais de educação profissional e tecnológica.
Itareni sonha com o dia em que vai abrir o consultório de psicóloga. “Vai tá lá. Doutora Itareni Ferraz, com muito orgulho”, diz.

A propaganda eleitoral obrigatória começa no dia 19. E todos nós, eleitores, vamos ficar atentos às propostas dos candidatos a governador e a presidente para essas preocupações nacionais.

Fonte: Jornal Nacional