Mídia / Jornal Fera

Educação é saída para crescimento da economia latina, afirma OCDE

11/12/2014

O relatório "Perspectivas Econômicas para a América Latina 2015" divulgado nesta terça-feira (9) pelo Centro de Desenvolvimento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aponta que a solução para desaceleração econômica está no incentivo à educação e à formação de mão de obra.

Segundo o documento realizado em parceria com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), a economia da região crescerá entre 1% e 1,5% em 2014, bem menos do que em 2013 (2,5%) e 2012 (2,9%).

Para os especialistas da OCDE, a desaceleração aponta para uma década de baixo crescimento na América Latina, que precisa ser revertida por meio da “melhoria do padrão educação, ampliação da formação de mão de obra e do incentivo à inovação”.

Panorama nacional
O Brasil destaca-se no relatório pela ampliação no gasto com educação. O crescimento de 4,0% do PIB, em 2000, para 5,8%, em 2010, ficou acima da média da América Latina (5%) e da região da OCDE (5,6%).

A desigualdade do acesso no país ainda é um problema. Entre os mais pobres, é 15% menor. Outra dificuldade apontada na realidade brasileira é a alta taxa de evasão. Na educação primária, ela é de 46% (2% da região da OCDE) e na secundária, de 26% (6% da região da OCDE).

Perspectivas
Para a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, é preciso fortalecer o link entre educação, produtividade e inovação, garantindo mais oportunidades de qualificação aos trabalhadores e promovendo mudanças estruturais, como a diversificação da economia.

“Em troca, teremos menos informalidade, desemprego e menos desigualdade”, ressaltou.

Presidente do CAF, Enrique Garcia declarou que, na falta de um ambiente externo excepcionalmente favorável, “a região precisa aprofundar a integração e enfrentar os desafios estruturais que se apresentam para o desenvolvimento”.

“Para apoiar o potencial de crescimento, é preciso investir na inovação e melhoria dos padrões de produção, educação e capacitação técnica”, enfatizou.

O relatório observa que a diferença na performance educacional de um aluno de ensino médio na América Latina, em comparação aos dos países membros da OCDE, é alta. Ela equivale a 2,4 anos adicionais de educação.

Além disso, desigualdades socioeconômicas influenciam fortemente no acesso à educação entre os países latino-americanos. Conforme o levanamento, apenas 56% dos estudantes mais pobres frequentam o ensino médio, contra 87% dos estudantes mais ricos.

Impacto educacional
O documento revela, ainda, que as limitações na qualidade da educação impactam fortemente na competitividade das companhias localizadas na América Latina. “As companhias na América Latina enfrentam mais dificuldade para encontrar mão de obra qualificada do que em outras regiões do mundo”, salienta.

O relatório indica que a probabilidade de uma empresa latino-americana enfrentar dificuldades para encontrar trabalhadores com capacidades adequadas às suas necessidades é três vezes maior que uma similar no Sul da Ásia, e 13 vezes maior que na região da Ásia-Pacífico. “Para combater essa falta de qualificação, políticas específicas são necessárias na educação primária, secundária, técnica e profissional”.

Sobre a OCDE
O relacionamento entre a OCDE e o Brasil aprofundou-se a partir de 1999, quando o Conselho da OCDE decidiu criar um programa direcionado ao Brasil. Uma maior aproximação entre o Brasil e a instituição ocorreu em 2000, quando o governo brasileiro assinou a “Convenção de Combate à Corrupção de Autoridades Estrangeiras”.

O Brasil não é membro da OCDE, porém participa do programa de enhanced engagement (engajamento ampliado) que lhe permite participar de Comitês da Organização.

Fonte: Portal Brasil