Mídia / Jornal Fera

Fazer pós-graduação ou ganhar dinheiro. Brasil aposta na educação

08/10/2014

Os últimos dados do IBGE sobre o mercado de trabalho das áreas metropolitanas do país mostram que número de brasileiros ativos no mercado laboral, aqueles que têm ou buscam trabalho, baixou no último ano de 24,6 milhões para 24,1.

Enquanto isso, o número de pessoas inativas passou de 17,7 para 19,19 milhões. Ou seja, há mais pessoas em idade de trabalhar que decidiram não trabalhar nem procurar emprego. Os especialistas estão buscando uma explicação para este fato singular, já que com um índice de desemprego tão baixo como o do Brasil o lógico seria que cada vez mais pessoas entrassem no mercado laboral.

Há várias explicações para o fenômeno, mas entre elas existe uma mais significativa, e talvez mais importante para o futuro do Brasil: muitos pais estão aumentando o período de formação de seus filhos, especialmente diante da previsão de alguns anos de baixo crescimento econômico.

O fenômeno existe em todas as classes sociais, desde os que matriculam seus filhos no segundo grau e em cursos profissionalizantes, para que os mesmos não fiquem só com ensino básico, até os que decidem investir em uma pós-graduação assim que seus filhos terminam a universidade. Também há cada vez mais jovens que decidem tirar um ano sabático para fazer pós-graduações em tempo integral ou inclusive no exterior.

A parcela da população que está atuando desta maneira, com quase toda a segurança, está garantindo um futuro mais próspero para seus filhos, ainda que isto implique em um grande esforço econômico para a família no presente.

Outros países viveram situações opostas durante seu “boom econômico”. A ampla oferta de postos de trabalho bem remunerados para pessoas com poucos estudos ou mesmo sem estudos, como aconteceu na Espanha ou nos Estados Unidos, incentivou a saída de jovens da educação (em todos os níveis) para o mercado de trabalho. Infelizmente, quando o “boom econômico” terminou, este segmento da população foi o mais fortemente castigado pelo desemprego, dada sua falta de habilidades. E se transformaram em um peso para seus países, na medida em que só podem fazer trabalhos pouco qualificados e, por tanto, de baixa remuneração.

O Brasil pode estar vivendo atualmente uma escassez de talento e uma redução do número de pessoas jovens disponíveis para trabalhar, mas no caso daquelas pessoas que atrasam sua entrada no mercado laboral, ou decidem sair do mesmo para estudar, a análise não pode ser melhor.

Profissionais melhores formados, tanto gerentes e estudantes com pós-graduação como os que tiveram níveis inferiores de formação, sempre recebem salários melhores e têm uma maior empregabilidade a longo prazo. E não é só isso, na economia da informação na qual o mundo está enfocado, só uma maior formação geral da população, e especialmente dos cargos médios e altos, pode transformar a economia melhorando sua competitividade e sustentando o crescimento estável a longo prazo. Existem razões, pelo menos deste ponto de vista, para ser otimista e estar orgulhoso do Brasil e das decisões de muitos pais brasileiros.

Fonte: O Globo