Mídia / Jornal Fera

Professor do IFPB cria balança especial e ajuda aluno cego a se formar em química

28/04/2017

Um professor de prática profissional do curso de química do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) criou balança que emite sinais sonoros e permitiu que um aluno cego se tornasse o primeiro deficiente visual a se formar como professor de química na instituição.

Leonardo Xavier, o aluno, conta que quase desiste de estudar ainda no ensino médio quando perdeu sua visão. Graças ao incentivo da família, ele conseguiu concluir e prestar a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mas sem muitas esperanças. “Quando saiu o resultado, vi que eu fiquei em primeiro lugar nas cotas do curso de Licenciatura em Química no IFPB", conta Leonardo.

Mas logo surgiu uma preocupação: a quantidade de disciplinas de cálculo que ele iria ter que estudar e as aulas no laboratório. Mesmo assim, Leonardo estava decidido a entrar para o curso.

Até o quinto período ele não tinha autonomia para realizar as atividades práticas, prestando apenas uma assistência anotando pesos e medidas - os professores ficavam preocupados com questões de segurança no manuseio de substâncias no laboratório. Até que ele se deparou com Sérgio Santos, o professor que mudou sua vida.

“Aqueles que não acreditavam que era possível ensinar química a um deficiente visual se deram conta de que era só querer e buscar alternativas para as limitações técnicas”, relata Sérgio.

A invenção do professor, uma balança mecânica que emite sinais sonoros que auxiliam o deficiente visual na pesagem de substâncias, não só permitiu a formação de Leonardo, como também serviu de exemplo para a turma. De acordo com o professor, “nos aspectos humano, de respeito, pedagógico foi excelente”.

Outros alunos da turma se inspiraram com a proatividade do professor. Lilian Mamedes, colega de Leonardo, fez um curso de transcrições de texto em Braille e agora trabalha dando apoio a estudantes deficientes visuais no campus de João Pessoa do Instituto Federal da Paraíba.

“A experiência que vivenciamos em sala de aula sobre inclusão foi incrível", afirma a colega.
Lilian conta que a partir daí, buscou estudar sobre o assunto e percebeu "que existem muitas ferramentas pedagógicas que podem ser trabalhadas com o deficiente visual e não é muito complicado, basta
só ter boa vontade e disposição”.

Um dos mais novos professores de química formados pelo IFPB, Leonardo Xavier conta que seu próximo passo é ajudar outros alunos. “As escolas onde fiz o ensino médio possuíam laboratórios de química, mas eu só ouvia falar. Espero que a partir desse modelo, outros deficientes visuais ou pessoas com baixa visão consigam ter autonomia em algumas atividades realizadas no laboratório”, revela.

Fonte: G1 - Educação