Mídia / Jornal Fera

Brasil sobe em ranking de inglês, mas proficiência no país ainda é baixa

05/11/2013

Os estudantes do Brasil apresentaram uma melhora no domínio do inglês e fizeram o país subir no ranking mundial de proficiência no idioma, o Índice de Proficiência em Inglês 2013 (EPI, na sigla em inglês), segundo dados divulgados nesta terça-feira (5) pela EF Education First, empresa de educação internacional. Segundo a terceira edição do EPI, o Brasil subiu da 46ª para a 38ª posição do ranking e foi "promovido" da categoria de países com proficiência muito baixa em inglês. Agora, o país integra a categoria de proficiência baixa, junto a nações como China, França, Emirados Árabes Unidos e Costa Rica.
Os dados obtidos pelo G1 mostram que o Brasil obteve 50,07 pontos no levantamento feito em 2012 --a pontuação de países com proficiência baixa variou entre 49 e 51. Desde 2009, quando foi concluída a primeira edição do estudo, o país teve um crescimento de 2,80 pontos. Porém, entre a primeira e a segunda edição, o Brasil teve uma queda de desempenho, de 47,27 para 46,86 pontos.
Rachel Baker, diretora de linguística aplicada, pesquisa e desenvolvimento da EF, que veio ao Brasil para o anúncio da terceira edição do EPI, afirma que alguns fatores podem ter influenciado no avanço do ensino de inglês no país. "Olhando de forma geral os setores de educação pública e privada, você vê que o ensino público ainda parece estar com algumas dificuldades, não está se saindo bem em comparação com outros países, enquando o setor privado tem crescido", afirmou ela.

Ensino de qualidade
A competitividade do setor privado, porém, não garante automaticamente que o ensino é de qualidade, e a crescente variedade de métodos não significa que há maneiras cada vez mais fáceis de aprender inglês. O ensino de inglês pode adotar diversas metodologias dependendo de fatores como a idade dos alunos, o tamanho da classe e o nível de domínio do idioma. Mas a diretora da EF cita estudos que mostram como é preciso no mínimo 100 horas de estudo para que um estudante avance um nível no seu domínio do idioma.
"Isso varia muito, dependendo da motivação do estudante, da sua exposição [ao idioma], há muitos fatores envolvidos. A língua é uma ferramenta que precisa de prática, e isso leva tempo", disse. Mas um dos métodos fundamentais, segundo ela, para o aprendizado de línguas estrangeiras é a postura ativa dos alunos, conseguida atráves da comunicação.
"O que temos visto no aprendizado de línguas é participar e se comunicar ativamente. O método comunicativo de ensino se tornou um padrão de ouro para o ensino de idiomas, e requer que o aluno use a linguagem para comunicar suas ideias, tem muita escuta e conversação envolvida. Só a leitura formal e a tradução da gramática não são muito eficazes para que o aluno possa usar a linguagem no contexto do mundo real", explicou.
Segundo Rachel, no sistema de educação tradicional os alunos não têm tanta oportunidade de se verem expostos nessa situação. "O professor é quem faz toda a fala e a explicação, os estudantes são muito passivos. Na escola comunicativa eles precisam ser mais ativos."
Além disso, a preparação de professores tanto em relação às metodologias de ensino quanto em relação aos conteúdos da língua inglesa é fundamental para a eficácia do curso. Segundo Rachel, um professor com baixo nível de inglês precisa de pelo menos 300 horas de aprendizado da língua para chegar a um nível considerado adequado para ensiná-la.
Bric
Apesar de melhores, os números brasileiros mostram que a evolução do país tem sido mais lenta que a de outras economias emergentes, como Índia, Rússia e China. No ranking específico dos países do Bric, a Índia atingiu o índice moderado de proficiência, com 54,38 pontos, 7,03 a mais que na primeira edição, concluída em 2009. A Rússia e a China também têm proficiência baixa, como o Brasil, mas chegaram aos índices de 51,08 e 50,77 pontos, com crescimento de 5,29 e 3,15 pontos, respectivamente, no mesmo período.
Em âmbito regional, o Brasil ultrapassou países como o Chile, México, Venezuela, Equador e a Colômbia. Mas a English First ressalta o baixo domínio do inglês na América Latina, onde apenas a Argentina possui índice de proficiência em inglês moderado. Nesta edição, ela ficou na 19ª posição no ranking.
Entre a primeira e a terceira edição do EPI, o país que mais avançou no domínio de inglês pelos estudantes foi a Turquia, que subiu mais de 11 pontos em um intervalo de três anos. Segundo Rachel, não há um conjunto de soluções sobre porquê alguns países melhorando muito mais que outros, mas algo em comum no contexto de países com evolução acelerada na área é a presença de "fatores motivadores" que podem incentivar tanto o governo quanto a demanda dos alunos, e pode aquecer o mercado de cursos pagos.
No caso turco, uma das possíveis explicações é o interesse do país em integrar a União Europeia. Já a maioria dos países na lista de países com proficiência muito alta têm em comum o fato de serem pequenos e terem um idioma oficial não falado fora de suas fronteiras. Rachel também lembrou dos investimentos do governo chinês nos anos antes de 2008 para treinar a população e mostrar ao mundo que o país estava preparado para sediar a Olimpíada de Pequim, caso que pode se repetir no Brasil.
Mas, segundo a diretora, os investimentos devem estar baseados em pesquisas sobre a eficácia das ferramentas. "É possível gastar muito dinheiro e não conseguir bons resultados, então é importante fazer análises para ver que tipo de programa está creando os resultados mais eficazes", disse.


Fonte: Educação Uol